Visando as eleições de 2026, o vice-prefeito de Aracaju, Ricardo Marques, parece estar de malas prontas para o grupo do governador Fábio Mitidieri (PSD), em movimento que sinaliza afastamento da prefeita Emília Corrêa e do grupo político liderado por ela e pelos irmãos Amorim.
Marques, que pretende viabilizar sua candidatura a deputado federal, é filiado ao Cidadania, partido cujo presidente nacional, Comte Bittencourt, já definiu pela federação com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), comandado em Sergipe pelo vice-governador Zezinho Sobral. A entrada de Ricardo na chapa fortalece o PSB, que deve garantir pelo menos uma cadeira na Câmara Federal.
O realinhamento ganhou contornos públicos durante a inauguração de uma obra de infraestrutura em Sergipe, quando Ricardo Marques foi visto em clima de cordialidade com Zezinho Sobral. Em discurso, elogiou o vice-governador pelo empenho no projeto e defendeu a união das lideranças políticas pelo desenvolvimento do estado.
Pouco depois, Marques publicou nas redes sociais um vídeo ao lado do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo (PT), aliado do governador Mitidieri. O gesto foi interpretado como sinal inequívoco de aproximação com o grupo governista, que já vinha cortejando o vice-prefeito nos bastidores.
Isolamento no grupo de Emília
Apesar de seu nome ter sido ventilado como possível vice de Valmir de Francisquinho numa chapa ao governo, ou até como candidato a deputado federal pelo PL, Ricardo Marques enfrentou resistência dentro do grupo de Emília Corrêa. Divergências estratégicas, a falta de espaço e episódios de desgaste — como a aprovação, na Câmara de Vereadores, de um projeto que retirou atribuições do cargo de vice-prefeito, encabeçado pelo líder do governo municipal, Isac Silveira (UNIÃO) — contribuíram para seu isolamento.
A iminente saída de Edvan Amorim do comando do PL, que deve passar para as mãos do deputado Rodrigo Valadares — aproximando o partido em Sergipe do bolsonarismo do qual o vice-prefeito sempre se manteu distante —, também deve pesar na decisão de Marques. O PL, dono do maior fundo eleitoral do país, daria a ele mais recursos e visibilidade. Já o Republicanos, destino provável do grupo de Emília, é um partido médio, que oferece menos recursos e maior concorrência interna, especialmente com o deputado federal Gustinho Ribeiro, reduzindo as chances de sucesso em seu projeto.
A possível ida de Ricardo Marques ao PSB representa uma perda significativa para o grupo de Emília. Popular e com bom alcance junto ao eleitorado aracajuano, ele era considerado um ativo estratégico para fortalecer uma eventual candidatura da prefeita ao governo estadual. Caso Emília dispute o cargo, deixaria a prefeitura nas mãos de um vice alinhado ao governador, o que enfraqueceria ainda mais sua base de apoio.
Além disso, a saída de Marques amplia a percepção de desunião dentro do bloco de oposição. Analistas acreditam que o movimento pode atrair outros dissidentes para o campo governista, aumentando a fragmentação do grupo político liderado pela prefeita.
Cálculo eleitoral
Ao optar por permanecer na federação PSB/Cidadania, Ricardo Marques busca se posicionar como uma liderança capaz de dialogar com diferentes setores, preservando sua imagem de independência. Nos bastidores, já circulam informações de que ele negocia diretamente com o governador Mitidieri e aliados estratégicos do governo estadual para consolidar sua candidatura a deputado federal.
Para Emília Corrêa, o afastamento de seu vice é um revés político relevante, mas também um teste para sua capacidade de recompor a base e atrair novos aliados. Já para o grupo governista, a chegada de Marques é vista como um reforço importante, capaz de ampliar a influência do governo na capital e atrair eleitores insatisfeitos com a oposição.
Com a eleição de 2026 no horizonte, o movimento de Ricardo Marques aquece as articulações e deixa claro que o xadrez político em Sergipe ainda deve sofrer muitas reconfigurações.



