A política sergipana vive um momento de efervescência, com movimentações que já desenham o cenário para as eleições de 2026. Um dos protagonistas desse tabuleiro é Valmir de Francisquinho, atual prefeito de Itabaiana e figura de peso no Partido Liberal (PL). Contudo, rumores crescentes apontam para uma possível saída de Valmir e seu grupo político do PL, rumo ao novo partido que surgirá da fusão entre o PSDB e o Podemos. Essa mudança, caso confirmada, pode redefinir as dinâmicas eleitorais no estado, especialmente na disputa pelo governo contra o atual governador, Fábio Mitidieri (PSD).
Os atritos entre Valmir e a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), aliados ao desgaste do grupo de Itabaiana dentro do próprio PL, são indicativos de que a permanência no partido está insustentável. A relação com o PL, liderado em Sergipe por Edvan Amorim, tem sido marcada por tensões, especialmente após as eleições de 2022, quando Valmir, após ter sua candidatura impugnada, decidiu apoiar Rogério Carvalho (PT) no 2°turno da eleição de 2022.
Recentemente, abriu espaço para o fundador do PT na prefeitura Itabaiana. Gilmar Passos foi nomeado para a Secretaria de Indústria e Comércio na gestão de Valmir, o que mostra um alinhamento entre ele e o principal partido de oposição ao PL a nível nacional.
Esse histórico recente alimenta a percepção de que Valmir busca um novo espaço político, onde tenha maior autonomia para estruturar sua base e planejar uma candidatura competitiva em 2026, inclusive com o apoio de figuras do Partido dos Trabalhadores. O futuro partido resultante da fusão entre PSDB e Podemos surge como uma oportunidade para Valmir assumir o controle de uma sigla e consolidar sua influência, sem os entraves internos que enfrenta no PL.
A cúpula do PSDB aprovou a fusão com o Podemos no último dia 29 de abril e esta deve ser confirmada na Convenção Nacional que acontece no próximo dia 5 de junho.
Nesse cenário, mais uma vez o nome de André Moura, ex-deputado federal e líder do União Brasil, ganha relevância. Moura, que ficou com o comando da federação União/Progressista (UP) em Sergipe tem forte influência no Podemos, partido que integra a federação com o PSDB e o Cidadania, e sua proximidade com Valmir pode ser um fator decisivo. Além de oferecer suporte político, André Moura é visto como uma peça-chave para ajudar Valmir a resolver seus problemas jurídicos, que continuam sendo o principal obstáculo para sua elegibilidade. Em 2022, Valmir liderava as pesquisas com folga, chegando a 38% das intenções de voto em algumas sondagens, mas foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às vésperas do pleito. A reversão dessa inelegibilidade, embora possível, como demonstrado pela decisão do TSE em outubro de 2022 que restabeleceu seus direitos políticos, exige articulação jurídica e política de alto nível. Moura, com sua experiência e conexões, poderia facilitar esse processo, pavimentando o caminho para Valmir entrar na disputa de 2026 como um adversário de peso contra Fábio Mitidieri.
No entanto, as incertezas são muitas. A grande questão é se Valmir conseguirá resolver suas pendências jurídicas a tempo de viabilizar sua candidatura. Um repeteco do cenário de 2022, quando seus 457.922 votos no primeiro turno foram anulados, não está descartado. A Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa, pode novamente impor barreiras, especialmente se adversários como Mitidieri e seus aliados intensificarem a pressão jurídica. Além disso, a posição de André Moura adiciona outra camada de complexidade. Apesar de sua reaproximação com Mitidieri, evidenciada em eventos recentes como o mutirão em Poço Redondo, há desconfianças de que Moura jogue em dois tabuleiros.
Oposicionistas apontam que sua relação com o governador é mais tática do que genuína, especialmente após os atritos na campanha de 2024, quando aliados de Mitidieri atacaram Yandra Moura, filha de André, na disputa pela prefeitura de Aracaju. Além disso, há fortes indícios de que Mitidieri terá como candidato preferencial ao senado Alessandro Vieira (MDB), que concorre a reeleição, deixando André Moura em segundo plano. A dúvida persiste: Moura permanecerá alinhado ao grupo governista ou apostará em Valmir como uma alternativa para desestabilizar o PSD em 2026?
O cenário político em Sergipe para 2026 promete ser eletrizante. Valmir de Francisquinho, com sua base fiel e carisma nas urnas, é um adversário temido, como comprovado pela pesquisa do Instituto França, que o colocou praticamente empatado com Mitidieri em um eventual segundo turno (39,51% contra 43,32%). A possível migração para o novo partido oriundo da fusão entre PSDB e Podemos pode ser o movimento que Valmir precisa para reorganizar suas forças e desafiar a máquina governista. No entanto, o sucesso dessa estratégia dependerá de sua capacidade de superar os entraves jurídicos e de contar com aliados como André Moura, cuja lealdade ainda é uma incógnita.
Enquanto as peças se movem no tabuleiro, uma coisa é certa: Se Valmir viabilizar sua candidatura, a eleição de 2026 em Sergipe será uma batalha de gigantes. Até então, Fábio corre sozinho e não há nomes competitivos que possam ameaçar sua hegemonia. Mas Valmir de Francisquinho parece determinado a não ficar apenas na arquibancada.
