A política sergipana foi sacudida por mais uma polêmica envolvendo a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), e a influência do ex-deputado André Moura na capital. Recentemente, vereadores da base aliada se mobilizaram para pressionar pela demissão do porta-voz da prefeitura, Carlos Ferreira, após ele criticar a deputada federal Yandra Moura (União Brasil), filha de André, em resposta a questionamentos dela sobre a gestão municipal, em especial a questão do lixo. A exoneração, anunciada por Emília em 12 de junho de 2025, expôs a fragilidade de sua liderança e levantou dúvidas sobre sua capacidade de controlar a própria administração.
A rápida movimentação dos vereadores, incluindo aliados como Fábio Meireles (PDT), que protocolou uma moção de repúdio contra Ferreira, demonstra o peso político de André Moura em Aracaju. Mesmo fora de cargos eletivos, o ex-líder do governo Temer parece exercer influência suficiente para desestabilizar a base de Emília, colocando-a em uma posição delicada. A demissão do porta-voz, vista como uma concessão à pressão de Moura, reforça a percepção de que a prefeita enfrenta dificuldades para impor sua autoridade, especialmente diante de figuras com forte capital político no estado.
Essa crise revela um desafio ainda maior para Emília Corrêa: a construção de uma coalizão sólida para enfrentar o governador Fábio Mitidieri (PSD) nas eleições de 2026. Se a prefeita não consegue manter coesão nem mesmo em sua equipe e base de apoio na prefeitura, como pretende liderar um grupo político capaz de rivalizar com a máquina governista? A divisão no bloco governista, já evidente nas eleições municipais de 2024, pode se aprofundar, beneficiando Mitidieri, que, apesar de derrotas recentes, mantém controle sobre sua base estadual.
A polêmica envolvendo Carlos Ferreira é mais do que um embate isolado; ela escancara as tensões e disputas de poder que permeiam a política aracajuana. Para Emília, a tarefa de consolidar sua liderança é urgente, sob o risco de ver sua gestão marcada pela instabilidade. Enquanto André Moura segue como uma força nos bastidores, a primeira mulher eleita prefeita de Aracaju precisa provar que pode, de fato, dominar a prefeitura e traçar um caminho competitivo para o futuro político de Sergipe.