
Um possível racha no Partido Liberal (PL) de Sergipe veio à tona após o deputado federal Rodrigo Valadares publicar um tweet nesta quinta-feira (27), interpretado como uma crítica ao prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho. No post, Valadares afirmou que quem se diz de direita, mas não defende publicamente Jair Bolsonaro e a anistia, é um “aproveitador” e não merece votos em 2026, gerando especulações sobre a lealdade de Valmir ao bolsonarismo.

Valmir, que em 2022 conquistou mais de 400 mil votos como candidato ao governo de Sergipe pelo PL, teve sua candidatura anulada pelo TSE devido a uma condenação por improbidade administrativa. Apesar do apoio massivo da direita em Sergipe, ele surpreendeu ao apoiar Rogério Carvalho (PT) no segundo turno, o que já havia gerado críticas entre bolsonaristas.
Além de sua postura ambígua em relação a Bolsonaro, a coligação do PL com o PT em Itabaiana nas eleições municipais de 2024 — quando Valmir foi novamente eleito prefeito — reforçou questionamentos sobre sua real posição política.
Disputa por protagonismo no PL
Nos bastidores, há um embate entre os interesses políticos de Valmir e seu grupo com Rodrigo Valadares e o presidente estadual do PL, Edivan Amorim. Especula-se que Amorim, planeja lançar seu irmão, Eduardo Amorim, como candidato ao Senado em 2026 na segunda vaga do partido. No entanto, Valmir teria interesse em apoiar a candidatura de seu aliado Adaílton Sousa, ex-prefeito de Itabaiana, para a mesma vaga, o que pode colocar os grupos em rota de colisão dentro do partido.
Valmir também já demonstrou insatisfação com a gestão da prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), por não nomear aliados seus para cargos na administração municipal. Além disso, ele declarou que o acordo com o senador Rogério Carvalho (PT) em 2022 teve como objetivo garantir sua elegibilidade para as eleições municipais de 2024. Essa revelação levanta suspeitas de que Valmir possa novamente caminhar ao lado do petista em 2026, o que poderia aprofundar ainda mais a crise no PL sergipano.
Rodrigo Valadares, por outro lado, tem se posicionado como um fiel defensor de Bolsonaro. Em 2022, ele apoiou Valmir em carreatas bolsonaristas, mas a relação parece ter azedado. Valadares, que foi escolhido para relatar o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, busca se consolidar como principal liderança bolsonarista no estado, de olho em uma das vagas para o senado nas eleições de 2026.
O futuro político de Valmir
O silêncio de Valmir, que enfrenta uma inelegibilidade relacionada a um caso de desvio de recursos no matadouro de Itabaiana, pode ser uma estratégia para evitar desgastes. No entanto, analistas políticos sugerem que sua falta de posicionamento claro sobre Bolsonaro pode custar o apoio da base bolsonarista, que é forte em Sergipe, especialmente na capital.
Sem o respaldo dessa base, que já se sentiu traída por seu apoio a Rogério Carvalho em 2022 e que tem suspeitas sobre possíveis acordos com o senador petista, Valmir certamente terá dificuldades para viabilizar uma candidatura ao governo, caso consiga reverter sua inelegibilidade, ou para emplacar Adaílton Martins como candidato ao Senado pelo PL.
Os problemas jurídicos de Valmir e suas incoerências políticas colocam em xeque sua credibilidade perante ao eleitorado, o que diminui sua força como liderança política diante do peso do apoio de Bolsonaro à Rodrigo Valadares e diante da astúcia de Edvan Amorim.
A disputa expõe as tensões internas no PL sergipano, que em 2022 foi marcado pela influência de lideranças do agreste, como Valmir e sua família. Com as eleições de 2026 se aproximando, o embate entre Valadares e Valmir pode redefinir o futuro do partido no estado, enquanto o eleitorado de direita decide quem representa melhor seus ideais.