Em meio às articulações políticas para as eleições de 2026 em Sergipe, a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), parece ter definido o rumo de seu grupo na disputa pelo governo estadual. Fontes ligadas à prefeita afirmam que, após descartar nomes como o deputado federal Thiago de Joaldo, o vice-prefeito Ricardo Marques e o prefeito Valmir de Francisquinho — este último impedido de concorrer por inelegibilidade —, Emília estaria inclinada a apoiar o ex-senador Eduardo Amorim.
A decisão se dá em meio à reconfiguração da oposição após a perda do controle do Partido Liberal (PL) em Sergipe, agora sob o comando de Moana Valadares, esposa do deputado federal Rodrigo Valadares. A mudança enfraqueceu os planos do grupo de Edivan Amorim, irmão de Eduardo, que pretendia consolidar uma aliança em torno do ex-senador rumo ao Senado. Sem o PL, e com a concorrência de nomes já postos como Rodrigo Valadares, André Moura, Rogério Carvalho e Alessandro Vieira, Eduardo Amorim teria dificuldade de viabilizar uma candidatura ao Senado em um partido menor, o que abriu espaço para uma reavaliação estratégica: disputar o governo do estado.
Segundo interlocutores, a prefeita vê em Amorim um nome experiente, moderado e com recall eleitoral, capaz de unir as diversas alas da oposição e enfrentar o governador Fábio Mitidieri (PSD), que lidera as pesquisas de intenção de voto. A movimentação visa conter o avanço do grupo governista e evitar um cenário de isolamento político para Emília e seus aliados.
Com o grupo oposicionista fragmentado e sem uma legenda robusta — inclusive cogitando siglas alternativas como o Partido Novo —, Emília aposta em Eduardo Amorim como opção de consenso, unindo experiência política e a capacidade de articulação de seu irmão Edivan, figura central nas movimentações de bastidor.
A prefeita teria avaliado outras possibilidades dentro do campo oposicionista ao longo dos últimos meses, em especial Thiago de Joaldo, deputado federal e aliado recente, tem atuado com posicionamento de oposição em Brasília, porém sofre críticas por alianças instáveis e falta de estrutura política sólida. Ricardo Marques, vice-prefeito de Aracaju, vive um rompimento público com Emília e tem se aproximado do governador Mitidieri, como já revelado em reportagens anteriores publicadas neste site. Já Valmir de Francisquinho, embora ainda influente em Itabaiana e agreste, enfrenta restrições judiciais e perdeu espaço no eleitorado do PL após apoiar Rogério Carvalho (PT) em 2022.
Com isso, Eduardo Amorim surge como um nome capaz de manter o grupo unido e competitivo.
O histórico de Eduardo Amorim
Com trajetória marcada por altos e baixos, Eduardo Amorim foi secretário de Saúde do Estado (2003-2004), deputado federal (2007-2010) e senador (2011-2019). Tentou o governo de Sergipe em 2014 e 2018, sendo derrotado por Jackson Barreto e Belivaldo Chagas, respectivamente, e em 2022 ficou em terceiro lugar na disputa pelo Senado.
Apesar das derrotas, mantém boa imagem e uma base fiel em algumas cidades do interior do estado — ativos que Emília considera estratégicos para equilibrar a disputa contra o grupo de Mitidieri.
O cálculo político de Emília Corrêa
Para Emília, o movimento tem duplo propósito: reconstruir a oposição estadual e garantir sobrevida política até 2028, quando poderá buscar a reeleição em Aracaju. Caso o bloco oposicionista não conquiste o governo ou ao menos reduza a influência de Mitidieri na Assembleia e no Congresso, a prefeita corre o risco de perder força política e recursos nos próximos anos.
Ao apostar em Amorim, Emília tenta consolidar uma liderança estadual capaz de reorganizar a oposição, evitar divisões internas e pavimentar o caminho para o futuro de seu grupo político — mesmo que para isso precise se distanciar de antigos aliados. O desafio agora será atender os interesses diversos do grupo oposicionista e encontrar uma legenda com estrutura suficiente para sustentar o projeto.


