Nesta sexta-feira (4), começaram a circular em Aracaju os primeiros ônibus da empresa RS Transportes, pertencente ao grupo mineiro ANSAL, de Juiz de Fora (MG). A empresa chega para realizar, de forma gradativa, a substituição das frotas das empresas do grupo Progresso (Tropical e Viação Paraíso), cujos serviços vinham sendo alvo de críticas constantes por parte dos usuários devido a falhas mecânicas, atrasos e veículos em péssimas condições.
Apesar de representar um alívio momentâneo para os passageiros, a entrada da RS Transportes no sistema não resolve, por si só, os inúmeros desafios do transporte público de Aracaju e da Região Metropolitana.
Ônibus usados e com prazo para sair de circulação
A principal preocupação é a idade avançada da frota trazida pela RS Transportes. A maioria dos veículos veio de Brasília e Juiz de Fora e possui cerca de 12 anos de uso, o limite máximo permitido pela legislação municipal. De acordo com o decreto em vigor, esses ônibus deverão ser retirados de circulação até o fim do ano.
A dúvida que permanece é: em quanto tempo a RS renovará sua frota com ônibus mais novos? O decreto prevê substituição, mas o cronograma ainda não foi detalhado pela empresa ou pela SMTT.
Polêmicas jurídicas e licitação cancelada
O grupo CSC/ANSAL, com a empresa de Transportes Sergipe, foi O vencedor da licitação realizada ainda na gestão do ex-prefeito Edvaldo Nogueira, mas a prefeita Emília Corrêa, ao assumir, cancelou o processo, alegando irregularidades. A empresa, então, recorreu à Justiça. Ainda sem definição judicaal sobre essa questão, especula-se que possa ter ocorrido um acordo entre a prefeitura e o Grupo CSC, dono empresa.
E o grupo Modelo?
Outro ponto sensível é a aplicação do decreto que exige o descarte de veículos com mais de 12 anos. A medida tem sido cobrada das empresas do grupo Progresso, mas ainda não está claro se será igualmente aplicada às empresas do grupo Modelo (Viação Modelo e Capital Transportes).
Caso a regra também se aplique à Modelo, estima-se que pelo menos metade da frota da empresa terá que ser desativada até o dia 10, o que pode gerar um colapso em algumas linhas, principalmente na região de Nossa Senhora do Socorro (bairros como Marcos Freire e Albano Franco), onde a empresa mantém parte significativa da operação com veículos antigos.
Possível judicialização e riscos de paralisação
Caso a Modelo não cumpra o decreto, existe a possibilidade de judicialização por parte de Adierson Monteiro, proprietário do grupo Progresso, que pode questionar a aplicação seletiva da medida. A depender das decisões nos próximos dias, a SMTT poderá ter de recorrer a mais uma empresa para reforçar o sistema, evitando o colapso em bairros que dependem exclusivamente das linhas operadas com ônibus antigos.
O que esperar até o dia 10?
O prazo para adequação das empresas ao decreto termina em poucos dias. Até lá, muitas definições deverão ser tomadas:
- A RS divulgará um cronograma de renovação da frota?
- A Modelo será obrigada a retirar seus ônibus antigos?
- Haverá nova empresa sendo chamada para reforçar o sistema?
- Como será feita a realocação das linhas com redução de frota?
O sistema de transporte público de Aracaju, que já vinha em crise, segue sob forte tensão. Embora a entrada da RS Transportes represente uma mudança, a qualidade do serviço e a regularidade das linhas ainda dependem de ações concretas, fiscalização e planejamento por parte do poder público.