Em um movimento que agitou os bastidores políticos de Sergipe, Thiago de Joaldo, deputado federal pelo PP, está cada vez mais próximo de migrar para o PL, visando disputar o governo do estado em 2026 com o apoio da prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, e da influente família Amorim, que comanda o partido em Sergipe.
A articulação, que ganhou força nos últimos dias, reflete a estratégia de Emília em consolidar uma liderança estadual, contando com o peso político dos Amorins, que já exercem significativa influência em sua administração. A recente adesão de Thiago ao grupo da prefeita, confirmada por fontes próximas, marca o que muitos consideram o primeiro grande passo para a criação de um bloco de oposição ao governador Fábio Mitidieri, que até então se vê sozinho na disputa do ano que vem na qual concorrerá a reeleição.
No entanto, a possível candidatura de Thiago de Joaldo tem gerado divisões na base aliada da prefeitura de Aracaju. Um grupo significativo defende que o vice-prefeito Ricardo Marques, por sua proximidade com a população e atuação destacada no executivo municipal, seria a escolha mais natural para liderar a chapa ao governo. Marques, que tem se destacado como uma figura carismática e com forte apelo popular, é visto por essa ala como um nome capaz de unificar diferentes setores do eleitorado sergipano. Por outro lado, o grupo mais próximo a Emília Corrêa insiste na indicação de Thiago, argumentando que sua experiência como deputado federal e sua articulação com os Amorins garantiriam maior musculatura política para enfrentar adversários de peso na disputa estadual.
A tensão interna foi intensificada por recentes vazamentos atribuídos a Hugo Esoj, articulador político de Emília e atual presidente da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb). Os documentos revelam discussões sobre uma chapa majoritária encabeçada por Thiago de Joaldo para o governo, com Eduardo Amorim e Capitão Samuel como candidatos ao Senado. A composição, se confirmada, deixaria de fora nomes de peso como o deputado federal Rodrigo Valadares, que também almeja uma vaga ao Senado, e o próprio Ricardo Marques, que não aparece contemplado na chapa. Esses vazamentos expuseram fissuras na base aliada e levantaram questionamentos sobre a estratégia de Emília em priorizar alianças com os Amorins em detrimento de figuras consolidadas no cenário local.
A movimentação de Thiago de Joaldo rumo ao PL, cuja filiação deve se concretizar na janela partidária em abril de 2026, com o aval de Emília e dos Amorins, também reflete um possível desejo de construir uma frente de direta em Sergipe descolada de Rodrigo Valadares – nome que tem o aval de Jair Bolsonaro.
Rodrigo, atualmente no União Brasil, parece cada vez mais distante do PL e próximo do Progressistas, de Laércio Oliveira. O deputado, até então, não se manifestou em suas redes sociais sobre as recentes articulações de Emília e não aparece nas fotos e vídeos divulgados pela prefeita, Joaldo e o ex-senador Eduardo Amorim – que busca viabilizar seu nome para concorrer novamente ao cargo.
A escolha de Thiago seria uma tentativa de capitalizar sua trajetória política e sua base no interior do estado, especialmente em Itabaianinha, onde já enfrentou embates públicos, como o episódio com o empresário Paco da Ilha, que criticou sua postura em relação ao desenvolvimento local.
Enquanto as negociações avançam, o cenário político sergipano segue em ebulição, com a disputa interna na prefeitura de Aracaju desenhando os contornos da eleição de 2026. A decisão de Emília Corrêa de apoiar Thiago de Joaldo, respaldada pelos Amorins, pode fortalecer sua posição como liderança estadual, mas também corre o risco de alienar aliados importantes, como Ricardo Marques e Rodrigo Valadares. A habilidade da prefeita em costurar acordos e apaziguar as tensões será crucial para manter a unidade de sua base e garantir que o projeto do PL tenha êxito nas urnas, num estado onde as disputas políticas são marcadas por intensas rivalidades e alianças estratégicas